HISTÓRIA DO PATRIMÓNIO

Oliveira de Frades é terra antiquíssima. Comprova-o a Carta de Couto e Confirmação de Doação do Couto da Vila de Ulveira, aos frades de Santa Cruz de Coimbra, de 1169, concedida por D. Afonso Henriques, no Balneário de Lafões (actuais Termas de S. Pedro do Sul), onde se encontrava em tratamentos após a queda do cavalo, durante o cerco de Badajoz.
Estes desejos de autonomia, já parcialmente corporizados no referido Couto deram origem a um longo processo de gestação municipal, que culminou com a restauração definitiva do Concelho de Oliveira de Frades, por Decreto de D. Maria II, de 7 de Outubro de 1837.

Por todo o concelho proliferam vestígios de um passado longínquo, manifestações de um património rico e diversificado. Ao longo de milhares de anos, por aqui passaram e se fixaram diferentes povos, deixando vestígios de uma prolongada permanência, contribuindo para a humanização da paisagem.

O megalitismo tem no concelho uma grande expressão. Classificados como Monumento Nacional, revestem-se de especial importância: o Dólmen de Arca e o Dólmen de Antelas. O último, pelas pinturas que ostenta na superfície dos seus esteios, a vermelho e a negro, com mais de 5 000 anos, é considerado uma jóia valiosíssima da pintura rupestre europeia.
Da Idade dos Metais, abundam vestígios de castros e fortificações defensivas, como o Murado da Várzea.

Contemporâneas da época castreja, podemos encontrar gravuras e insculturas rupestres. São sinais gravados em lajes graníticas, das quais se destacam a Pedra das Ferraduras Pintadas, que as gentes locais interpretaram como sendo os “pés de todos os animais que havia em outro tempo” (laje onde as “mouras traziam o ouro ao sol”); a Pedra dos Cantinhos, onde, segundo o povo, estão representados moinhos de vento e alfaias agrícolas, como pás, enxadas e gadanhas; e o Rasto dos Mouros, onde se podem observar pegadas humanas e algumas covinhas ou fossetes, que segundo a crença popular, são vestígios deixados pelo “cacete de ferro” dos Mouros.

Desta época, podemos também encontrar, escavadas na rocha, sepulturas rupestres escavadas na rocha.
Roma também deixou, no concelho, marcas da sua presença.Destacam-se os troços bem preservados de calçada romana, que integravam o trajecto da estrada que ligava Viseu a Águeda; e os marcos miliários (expostos no Museu Municipal) que se erguiam ao longo dessa via.

Na via romana, também conhecida por estrada “velha” ou do “peixe”, durante séculos cruzaram-se almocreves, que forneciam de peixe as gentes da serra, e peregrinos a caminho de Santiago de Compostela, que na Albergaria de Reigoso encontravam o acolhimento de uma refeição, o calor do fogo, a frescura da água e o conforto de uma cama.

Excelentes obras de engenharia encontram-se ao longo do percurso de outros dois eixos viários estruturantes do concelho: a Estrada Nacional 16, sucessora da Estrada Real, com o seu traçado sinuoso, em ziguezague constante, e a Linha-de-comboio do Vale do Vouga, desactivada na década de 80 do século XX.

Também o património arquitectónico é rico, encontrando-se disseminados por todo o concelho, notáveis edifícios. Solares e casas apalaçadas, casas do Brasileiro e de casas de matriz rural beirã, reflectem influências diversificadas que marcaram diferentes épocas.

Espalhados pelo concelho, no interior das povoações, em lugares isolados, ao longo de caminhos, em propriedades particulares, encontram-se diversos edifícios e monumentos de cariz religioso, como igrejas, capelas, cruzeiros, estelas funerárias e alminhas.

De todos os edifícios religiosos, reveste-se de especial importância a Igreja de Souto de Lafões, pelos vestígios românicos do exterior e pela riqueza artística da talha dourada, das pinturas e dos frescos medievais.

Reflexo da religiosidade das populações locais, às festas religiosas e romarias, acorrem muitos fiéis em busca de ajuda divina. A devoção à Senhora Dolorosaultrapassou as fronteiras da freguesia de Ribeiradio e a sua romaria é das mais concorridas da região.