HISTÓRIA DO CONCELHO
Nos Trilhos da História - À descoberta do Património de Oliveira de Frades
Ao longo de milhares de anos, pelo atual concelho de Oliveira de Frades, passaram e se fixaram diferentes povos, que nos deixaram marcas da sua presença, que testemunham uma ocupação longínqua do território.
Com a construção da Barragem de Ribeiradio, na freguesia de S. João da Serra, na antiga Praia Fluvial no Vau (junto ao Rio Teixeira) e na Bispeira (junto ao rio Vouga) foram descobertos dois acampamentos que revelaram vestígios da mais antiga ocupação do Homem no território, do Paleolítico (comunidades nómadas/recoletoras): estruturas de lareiras, objetos em pedra lascada/rolada e a primeira representação de arte móvel na região, com datação do período entre 18000 e 9000 A.E.C..
Os monumentos funerários, conhecidos por dólmens ou antas, construídos no Neolítico (comunidades agropastoris), são abundantes no concelho. Classificado como Monumento Nacional, o Dólmen de Antelas, pelas pinturas que apresenta na superfície dos oito esteios da câmara, a vermelho e a negro, com mais de 5000 anos, é considerado o monumento megalítico mais importante da Europa.
Cerca de 1000 anos a.C., o Homem passa a dominar o trabalho dos metais (cobre, bronze e ferro) e começam a construir os seus povoados no alto dos montes, conhecidos por castros. Deste período, temos no concelho vários vestígios de castros e fortificações defensivas, como os Castros da Coroa (Arcozelo das Maias e Souto de Lafões) ou o Murado da Várzea, em Reigoso.
Também da Idade dos Metais, podemos encontrar no território concelhio, diversas gravuras e insculturas rupestres, como a Pedra das Ferraduras Pintadas, a Pedra dos Cantinhos ou o Rasto dos Mouros. Nesta altura, o Homem deixa de construir grandes dólmens para enterrar os seus mortos. Constrói sepulturas individuais, cobertas por mamoas de dimensões mais reduzidas (em relação aos dólmens), distribuídas por necrópoles ou isoladas.
Os romanos, que chegaram à Península Ibérica no século III a.C., também deixaram no concelho diversas marcas da sua passagem. Destacam-se os troços bem preservados de calçada romana que integravam o trajeto da estrada que ligava Viseu a Águeda (Santiaguinho, Postasneiros, Pontefora, Ral, entre outros).
Na via romana, também conhecida por estrada “velha” ou do “peixe”, durante séculos cruzaram-se almocreves, que forneciam de peixe as gentes da serra; e peregrinos a caminho de Santiago de Compostela, que na Albergaria de Reigoso, encontravam o acolhimento de uma refeição, o calor do fogo, a frescura da água e o conformo de uma “cama”. A inscrição que se pode visitar no interior e a vieira na fachada exterior da Igreja de Reigoso, testemunham a existência dessa albergaria.
Durante a Idade Média, a História do nosso território está associada aos Mosteiros de Santa Cruz de Coimbra e de S. Cristóvão de Lafões, que aqui tiveram grandes propriedades, delimitadas por marcos de propriedade.
Também o património arquitectónico é rico, encontrando-se diversos edifícios notáveis. Solares e casas apalaçadas, casas do Brasileiro e casas de matriz rural beirã, refletem influências diversificadas que marcam diferentes épocas.
Espalhadas pelo concelho, no interior das povoações, em lugares isolados, ao longo de caminhos, em propriedades particulares, encontram-se diversos edifícios e monumentos de cariz religioso, como Igrejas, Capelas, cruzeiros, alminhas e estelas funerárias.
De todos os edifícios religiosos, revestem-se de especial importância as Igrejas de S. João Batista de Souto de Lafões e de Santa Maria de Pinheiro (classificadas como Monumento de Interesse Público). A primeira destaca-se pelos vestígios românicos do exterior e pela riqueza artística da talha dourada, das pinturas e dos frescos medievais.